Yom HaAtzmaut e o Cumprimento das Profecias

17 de Abril, 2021 2 Por Getúlio Cidade
Foto: Jewish News

Este sábado, 17 de abril de 2021, corresponde a 5 de Iyar no calendário judaico, o Dia da Independência de Israel, ou Yom HaAtzmaut, que neste ano foi celebrado no dia 15 de abril por cair em um shabbat (quando isso ocorre, as celebrações são antecipadas em dois dias). Nesta data é celebrada a formação do novo Estado de Israel, ocorrido originalmente em 14 de maio de 1948 (5 de Iyar). Yom HaAtzmaut aponta para o cumprimento de profecias bíblicas escritas há muitos séculos e é um dos maiores milagres da Idade Contemporânea.  

O Dia da Independência de Israel é imediatamente precedido pelo Dia da Lembrança, ou Yom HaZikaron, quando são lembrados todos os soldados que tombaram nas guerras do Estado moderno de Israel bem como no desempenho de suas funções ao defender a bandeira do país. São lembradas também todas as vítimas de ataques terroristas. Essa é uma data solene em que se presta um profundo respeito à memória desses heróis nacionais nas inúmeras cerimônias civis e militares por todo o país.

Como no calendário judaico o dia começa ao anoitecer, a transição de Yom HaZikaron para Yom HaAtzmaut se dá em uma cerimônia no Monte Herzl, em Jerusalém, logo após o pôr do sol. A mensagem de se unir as duas datas nessa sequência é mostrar que Israel só existe como Estado moderno, livre e independente por causa de seus soldados que sacrificaram suas vidas por ele.

Logicamente, Yom HaAtzmaut não faz parte das Festas bíblicas, estabelecidas há muitos séculos na Torá. Por ser um feriado relativamente novo (73 anos), comparado às demais Festas que ocorrem há milênios, não há uma tradição de celebração. No entanto, tornou-se um elo entre os judeus do mundo inteiro com a terra de Israel. Embora não faça parte das festas religiosas, alguns rabinos discutem que Yom HaAtzmaut deveria ser enquadrado em conjunto com as Festas de Hanukkah e Purim, uma vez que as três datas celebram uma “vitória milagrosa” dos judeus contra inimigos de força militar muito superior.

Um Neemias dos tempos contemporâneos

Em 1947, uma resolução da ONU estabeleceu um plano de partilha da Palestina que concedia um território a Israel, sendo que nenhum país árabe aceitou tal plano. No último dia do mandato britânico na Palestina, em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, primeiro-ministro e fundador do Estado moderno de Israel, declarou a independência da nação. No dia seguinte, cinco países árabes declararam guerra à nação recém-formada, conflito este que ficou conhecido como Guerra de Independência e durou aproximadamente um ano, vencida por Israel.

O dia da declaração de independência por Ben-Gurion que veio a ser consagrado como Yom HaAtzmaut fora profetizado por Isaías há mais de 2.600 anos, quando escreveu: “Quem já viu tais coisas? Pode uma nação nascer num só dia, ou pode-se dar à luz um povo num instante? Pois Sião ainda estava em trabalho de parto, e deu à luz seus filhos”. Isaías 66:8

Não há como desvincular a formação do novo Estado de Israel da figura única de Ben-Gurion. Um apaixonado pela causa sionista, imigrou para a terra de Israel de sua terra natal, Polônia, muito jovem e dedicou o trabalho de toda sua vida em trazer o povo judeu de volta para sua terra. Como ninguém, compreendeu que todo seu esforço e trabalho precisava do respaldo divino na forma de milagres, algo que sempre ocorreu por toda a história de Israel. Certa vez, ele disse que aquele que não crê em milagres não é realista.

De fato, a criação do novo Estado de Israel pode ser considerado um dos maiores milagres de nossos tempos. Há apenas três anos antes, os nazistas finalizavam o extermínio de seis milhões de judeus na Europa, dizimando a população judia. Os que conseguiram escapar com vida tinham marcas profundas no corpo e na alma que as acompanham até hoje. Nem o maior de todos os estadistas ou estrategistas políticos poderia imaginar um Estado judeu ao fim da Segunda Guerra. Porém, o que parecia impossível tornou-se uma vívida realidade em curto espaço de tempo.

Declaração da independência de Israel por Ben-Gurion, um Neemias do século XX: um dos momentos mais proféticos da história de Israel.

Ben-Gurion exerceu importantíssimo papel na formação do novo Estado, trabalhando dia e noite em prol de seu povo, lutando com todas suas forças na linha de frente, o que não foi uma tarefa fácil. Sua vida em muito se assemelha a de outro judeu que viveu no século V a.C. e que também desempenhou a função de governante de seu povo em um momento crítico de sua história: Neemias. Este homem foi também um incansável defensor da volta dos judeus para a Terra de Israel.

Neemias encabeçou o movimento de regresso da primeira diáspora, após o exílio babilônico, e supervisionou a reconstrução do segundo Templo. Em um trabalho incessante, conseguiu reconstruir os muros de proteção da cidade de Jerusalém, improvisou um exército para defender seu povo, ao mesmo tempo em que enfrentou muita oposição dos inimigos de Israel que queriam impedir o retorno dos judeus para sua terra. Serviu como governador da pequena província da Judeia por cerca de doze anos e levou a cabo várias reformas religiosas e econômicas.

De igual modo, Ben-Gurion encabeçou o movimento de regresso da segunda diáspora que durou quase dois mil anos e formou as Forças de Defesa de Israel, a partir do grupo paramilitar Haganah, que são consideradas hoje o muro de proteção da nação. E enfrentou os inimigos de Israel nas guerras e no cotidiano da nação. Serviu como primeiro-ministro de Israel por treze anos, praticamente o mesmo tempo de governo de Neemias, conduzindo os rumos do país conforme seu precursor. Ben-Gurion e Neemias estão ligados pelo DNA bem como pelo mesmo destino profético de liderar e recomeçar uma nação dos escombros.

As profecias se cumprem

Imediatamente antes de acender aos céus, Jesus foi indagado pelos discípulos a respeito da restauração do reino a Israel (Atos 1:6). Na verdade, a restauração de Israel somente será completa após a segunda vinda do Messias, algo que ainda estava muito longe de se cumprir e além da compreensão dos discípulos. Contudo, a menção dos discípulos foi sem dúvida em relação a uma das maiores promessas de Deus nos Profetas, envolvendo a unificação das doze tribos de Israel, algo muito desejado e esperado pelos judeus daquela época.

O texto a que eles se referiam está em uma das profecias mais incríveis das Escrituras e trata-se de Ezequiel 37, a passagem mais conhecida como “Vale de Ossos Secos”. A interpretação por judeus de diversos segmentos religiosos e correntes filosóficas é praticamente unânime; o profeta está falando do renascimento de Israel como nação, após a longa diáspora de quase dois mil anos, o que ocorreu em 14 de maio de 1948.

Um povo subjugado pelos nazistas e considerado uma pátria semimorta, assim eram os judeus ao fim da Segunda Guerra Mundial. No entanto, Deus promete abrir suas sepulturas, retirar seu povo delas e levá-los à terra de Israel (Ezequiel 37:12). Em um ato profético ordenado a Ezequiel, Deus também promete unir a vara de Efraim (representando as dez tribos perdidas) à vara de Judá (e Benjamim), simbolizando a unificação das doze tribos de Israel. “E farei delas uma só vara” (Ezequiel 37:19).

Em seguida, o Senhor declara: “Tirarei os israelitas das nações para onde foram. Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e trazê-los de volta à sua própria terra. Eu os farei uma única nação na terra, nos montes de Israel. Haverá um único rei sobre todos eles, e eles nunca mais serão duas nações nem estarão divididos em dois reinos” Ezequiel 37:21,22. Esta profecia escrita há mais de 2.500 anos começou a ser cumprida em Yom HaAtzmaut e continua a se cumprir em nossos dias, diante de nossos olhos, quando, a cada ano, aumenta o número de imigrantes judeus que saem dos quatro cantos do mundo para voltar à terra de Israel.

A respeito dessa restauração física de Israel, outros profetas registraram suas profecias também em diferentes épocas, como Isaías: “Não temas, pois, porque estou contigo; trarei a tua semente desde o Oriente e te ajuntarei desde o Ocidente. Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra, a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória; eu os formei, sim, eu os fiz” Isaías 43:5-7.

Logo adiante, o verso 9 parece uma clara menção à assembleia geral da ONU de 1947 que ajuntou os países membros para deliberar sobre a criação do Estado novo de Israel: “Todas as nações se congreguem, e os povos se reúnam; quem dentre eles pode anunciar isto e fazer-nos ouvir as coisas antigas?” Isaías 43:9.

Também no livro de Isaías, o profeta faz eco a Ezequiel 37, prevendo a unificação das tribos perdidas de Israel à tribo de Judá: “Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra” Isaías 11:12. Jeremias previu o mesmo: “Mudarei a sorte de Judá e de Israel e os reconstruirei como antigamente” Jeremias 33:7.

Um dos profetas mais antigos a profetizar sobre o mesmo tema foi Amós, há mais de 2.700 anos, ao escrever: “Trarei de volta Israel, o meu povo exilado, eles reconstruirão as cidades em ruínas e nelas viverão. Plantarão vinhas e beberão do seu vinho; cultivarão pomares e comerão do seu fruto. Plantarei Israel em sua própria terra, para nunca mais ser desarraigado da terra que lhe dei, diz o SENHOR, o seu Deus” Amós 9:14,15. Quando se vê as inúmeras viniculturas que há hoje em Israel, bem como suas abundantes lavouras, essa passagem milenar salta das folhas da Bíblia para se mostrar uma fascinante realidade diante de nossos olhos.

Na passagem do “Vale de Ossos Secos”, em Ezequiel 37, lemos no versículo 14: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor” Ezequiel 37:14. Além de prometer trazer seu povo para a terra de Israel, o Senhor promete lhes dar de seu Espírito, uma promessa aguardada tão avidamente por Israel.

Voltando à conversa de Yeshua com os discípulos antes da ascensão, é dessa mesma promessa de Ezequiel 37, mencionada indiretamente pelos discípulos em seu questionamento ao Mestre, que Yeshua profere suas palavras inesquecíveis antes de subir aos céus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” Atos 1:8. Estabelece-se assim uma conexão profética entre Yom HaAtzmaut e a descida do Espírito Santo.

A promessa do Pai enviar o Espírito Santo sobre os que creram se deu dez dias após a ascensão do Senhor. Entretanto, aquele evento foi apenas o início. É necessário compreender que a restauração de Israel começa com o milagre de seu ressurgimento como nação e só será plena com a volta do Messias, quando toda a nação será salva em um só dia (Romanos 11:26).

Yom HaAtzmaut é mais que um sinal profético da volta de Yeshua para instaurar seu Reino milenar, é um convite a buscarmos de seu Espírito que é dado liberalmente a todo aquele que nele crê. Além disso, Yom HaAtzmaut ocorre entre a Páscoa e a exatos trinta dias de Pentecostes, a próxima grande Festa do Senhor e que marca a descida do Espírito Santo sobre a igreja.

O cumprimento da promessa de Deus estabelecer Israel em sua terra e unificar as doze tribos inaugurou uma era de um derramar de seu Espírito como nunca visto na Terra, algo que crescerá continuamente até sua volta, aos que estão perto (judeus) e aos que estão longe (gentios), enfim, a todos aqueles que invocam e confessam o nome do Messias de Israel.


O vídeo histórico e profético abaixo mostra o discurso de David Ben-Gurion declarando a criação e independência do moderno Estado de Israel em 14 de maio de 1948 (5 de Iyar). Um dos maiores milagres da Era Contemporânea, esse dia marca o cumprimento do que fora predito pelos profetas de Israel há muitos séculos.

O próximo vídeo é uma coletânea de fotos do Dia da Lembrança (Yom HaZikaron), quando Israel relembra e celebra seus soldados mortos nas guerras do Estado moderno bem como todas as vítimas do terrorismo.

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