Sobre a Tragédia de Lag Ba’Omer

Hoje, 30 de abril de 2021, durante a celebração de Lag Ba’Omer, no Monte Meron, na alta Galileia, enquanto dezenas de milhares de judeus ortodoxos celebravam o 33º dia da contagem do ômer (intervalo entre as Festas da Páscoa e Pentecostes), mais conhecido como Lag Ba’Omer, uma terrível tragédia se abateu sobre Israel.

Era o primeiro grande evento após o relaxamento das restrições impostas pelo coronavírus, reunindo quase cem mil pessoas, uma multidão de todas as partes do país bem como de judeus que viajaram do exterior para participar. Enquanto celebravam fervorosamente com cânticos e danças, uma das arquibancada em que estavam ruiu, esmagando dezenas de pessoas, gerando alvoroço e confusão. Uma rampa de acesso também não suportou a vazão de pessoas que corriam para escapar do perigo, o que gerou muitas quedas e o pisoteio de muita gente.

No local, pode-se ver as marcas do desespero com inúmeros itens pessoais que ficaram para trás, incluindo partes de um carrinho de bebê pisoteado em meio ao caos. As vítimas registradas até agora incluem pelo menos 44 mortos e mais de 150 feridos, dentre estes, 23 em estado grave. Ainda não se sabe o motivo da queda da arquibancada, se foi mesmo a superlotação ou outra causa, mas o episódio está sendo investigado pelas autoridades competentes. O caos gerado foi semelhante aos ataques terroristas ocorridos no início dos anos 2000, provocando um grande pânico entre os presentes. O episódio já está sendo tratado pela imprensa israelense como a pior tragédia em tempo de paz na história do moderno Estado de Israel.

A tragédia ganha maiores proporções à medida que a maioria dos mortos eram homens ortodoxos e pais de família, deixando muitos órfãos. Há relatos de um pai de dez filhos estar entre os mortos. É comum que os religiosos tenham muitos filhos. Mas há também crianças entre as vítimas fatais. Além dessas, há judeus estrangeiros que vieram para participar da festividade e também morreram no acidente.

Não é raro, quando tragédias desse tipo ocorrem com os judeus, de haver comentários do tipo: “Isso foi juízo de Deus porque eles rejeitaram o Messias”. Há muitos anos, ouço a mesma coisa. Comentários desse tipo escondem uma arrogância por trás de si, como se os cristãos ou judeus messiânicos fossem melhores do que os ortodoxos ou os seculares que não creem em Yeshua como Messias.

Isso me remete às palavras do próprio Yeshua quando se referiu a outra tragédia em Israel, ocorrida em seu tempo, que foi a queda da torre de Siloé. Ele disse: “Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão” Lucas 13:4,5.

O que muitos cristãos precisam enxergar — e me refiro a muitos líderes no corpo de Cristo que voltam as costas para Israel — é que os gentios que receberam Yeshua como seu salvador pessoal em nada, absolutamente nada, são melhores do que os judeus que não o receberam nem os que o receberam. A única coisa que torna um salvo de um não salvo é a graça incomensurável do Pai que nos alcançou. Se, por algum momento, achamos que podemos ser justificados pelas obras ou mesmo por nos julgarmos com uma fé superior, já caímos da graça e não percebemos. “Se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”.

Nessa hora trágica e difícil, nossas orações e nossos sentimentos estão com as vítimas e seus familiares, muitas delas agora órfãos de pai. Precisamos nos identificar com a dor dos que foram acometidos por essa catástrofe, pois é essa mesma dor que Yeshua está sentindo agora. Que possamos nos unir em oração e fé pelos atingidos direta e indiretamente pelo acidente, e que o Deus de Israel possa novamente demonstrar compaixão para com o povo de Jacó em mais essa provação.

Fontes: The Times of Israel e Bridges For Peace