O Nome de Deus nas Muralhas de Jerusalém

O Nome de Deus nas Muralhas de Jerusalém

28 de Julho, 2021 6 Por Getúlio Cidade

Há alguns dias, em Jerusalém, uma israelense religiosa notou um sinal incrível, possivelmente visível a todos por um bom tempo, mas que, até então, passara despercebido dos habitantes e visitantes da cidade. Ela viu escrito o nome de Deus nas muralhas de Jerusalém.

A mulher identificou as três primeiras das quatro letras do tetragrama sagrado (יהוה)[1] formado pelas plantas que nascem entre as pedras antigas das muralhas da cidade. As letras são grandes e visíveis de longe, espaçadas regularmente entre si e estão no formato de ketav ashuri que é a caligrafia usada pelos escribas nas cópias das Escrituras. Elas aparecem na sequência ו-ה-י (yud-hey-vav, da direita para a esquerda, sentido de leitura do hebraico). A quarta letra (ה – hey) está incompleta, mas já começou a ser formada como se pode ver no vídeo ao final deste artigo.   

A notícia se espalhou rapidamente por Israel e, logo, pelo mundo. O rabino da Tumba do Rei Davi no Monte Sião, Yosef Berger, afirmou que a aparição do nome se deve ao cumprimento da Torá: “E todos os povos da Terra verão que és chamado pelo nome do Senhor e terão temor de ti” Deuteronômio 28:10. Segundo ele, este verso descreve claramente que o nome de Deus será visto em Israel no fim dos dias.

Berger também vê correlação com a profecia de Isaías 2:2, afirmando que o nome de Deus se tornará cada vez mais visível aos olhos de todos, judeus e não judeus, e que sinais desse tipo serão cada vez mais nítidos. Ele diz que isso é a misericórdia de Deus, que é impossível ver o nome de Deus e não querer se arrepender e se achegar a Ele. Essa declaração de se tratar de um sinal que aponte para a misericórdia de Deus é interessante por dois motivos.

As três primeiras letras do tetragrama sagrado no muro de Jerusalém.
Crédito da Foto: Batya Vagshal/FB

A PORTA DA MISERICÓRDIA

Primeiro, as letras formadas na muralha estão próximas à Porta da Misericórdia (Sha’ar HaRachamim), também conhecida como Porta Dourada, ao lado esquerdo para quem olha a muralha do lado de fora da cidade antiga. Esta é a única das oito portas que cercam a muralha da cidade antiga de Jerusalém que se encontra lacrada há cinco séculos. Ela está voltada para o oriente e de frente para o Monte das Oliveiras, tendo o vale do Cédron no meio, onde há um cemitério.

A muralha atual e suas portas de acesso à cidade antiga foram construídas no século XVI por Solimão I, o Magnífico, sultão do império otomano, após terem sido derrubadas e construídas várias vezes ao longo da história. A Porta da Misericórdia é a única das oito que dá acesso direto ao Monte do Templo. O motivo dela ter sido lacrada por ordem do próprio sultão foi devido à tradição judaica que afirma que o Messias entrará na cidade por ela por ocasião de sua vinda.

Pelo mesmo motivo, fez-se um cemitério no vale de frente para essa porta, pois, segundo a Torá, o judeu que entra em contato com mortos fica contaminado. O objetivo do sultão e de seu império era impedir qualquer aparição do Messias para salvar Israel. Para isso, a porta foi lacrada e o cemitério construído junto à muralha. Isso não abalou em nada a fé judaica que crê que o Messias virá a seu tempo e ressuscitará os mortos que estiverem em seu caminho, bem como abrirá a Porta da Misericórdia que se encontra selada, chegará ao Monte do Templo e iniciará seu Reinado milenar.

A Porta da Misericórdia, hoje selada e tendo a sua frente um cemitério,
é por onde se espera que o Messias entre na cidade em sua chegada a Jerusalém.

De acordo com a tradição cristã, a equivalente a essa porta era a Porta Formosa, descrita em Atos 3:10, por onde Jesus entrou em sua Entrada Triunfal em Jerusalém. As tradições judaica e cristã concordam que o Messias entrará por ela, hoje conhecida como Porta da Misericórdia ou Porta Dourada. O profeta Zacarias diz que, em sua vinda, o Messias porá “seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente” Zacarias 14:4. Esse é um dos motivos pelos quais esse monte é conhecido como o Monte do Messias. Sua importância para Yeshua é inegável, como comprovam os Evangelhos. Parecia ser seu local predileto em Jerusalém quando não estava ensinando no Templo.

Ao voltar para “a cidade do Grande Rei”, Ele o fará pelo Monte das Oliveiras para, em seguida, entrar pela Porta da Misericórdia que fica em frente a esse monte e dá acesso direto ao Monte do Templo. Há inúmeras profecias que dizem que será a partir desse local que Ele reinará sobre toda a Terra por mil anos.[2]

O segundo motivo que fundamenta a declaração do rabino Berger está no livro de Êxodo. Quando Moisés rogou ao Senhor que lhe mostrasse sua glória, “Deus respondeu: ‘Diante de você farei passar toda a minha bondade, e diante de você proclamarei o meu nome: o Senhor’”Êxodo 33:19.

“Então, o Senhor desceu na nuvem, permaneceu ali com ele e proclamou o seu nome: o Senhor. E passou diante de Moisés, proclamando: ‘Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o seu amor a milhares e perdoa a maldade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado; castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais, até a terceira e a quarta gerações’” Êxodo 34:5-7.

O nome que o Senhor revelou a Moisés foi justamente o tetragrama sagrado, o nome impronunciável de Deus. No original, Ele proclamou: “Adonai, Adonai El”, traduzido por “Senhor, Senhor Deus”. Por essa revelação, a tradição ensina que Adonai (o tetragrama), o primeiro e santíssimo nome do Senhor está associado a misericórdia, amor, compaixão e perdão. E o nome El (Deus) está associado a juízo e justiça.

AS PEDRAS ESTÃO CLAMANDO

Jesus ensinou que precisamos aprender a discernir os sinais da vinda do Filho do Homem. Ele diz que haverá sinais nos céus e na Terra. Há pouco tempo, postamos aqui na página um artigo sobre os sinais no céu de sua vinda (clique aqui para ler). Os sinais na Terra têm sido muitos como a recente pandemia que o mundo atravessa (Lucas 21:11). O nome de Deus soletrado pela natureza no acesso ao local mais sagrado do planeta, o Monte do Templo, para onde o Senhor voltará para reinar por mil anos, certamente é um desses sinais na Terra, até mesmo para o mais incrédulo dos homens.

Que sinal está sendo enviado a Israel e às nações? Como afirmou Yosef Berger, acredito que seja um chamado aos homens para que se acheguem a Deus enquanto há tempo, antes que venham os juízos dos tempos do fim preditos nas Escrituras. É como se a inscrição estivesse dizendo: “Espere Israel no Senhor, porque no Senhor há misericórdia, e nele há abundante redenção, e ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades” Salmos 130:7,8. Ou ainda, falando a todos os habitantes da Terra que “o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre” Salmos 100:5. “Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração” Hebreus 4:7.

Como em tantos acontecimentos e fatos da natureza, Deus imprime sua assinatura por toda a parte. Jerusalém, no entanto, é o relógio de Deus para o mundo. Nas palavras de Yeshua, é “a cidade do Grande Rei” (Mateus 5:35). E tamanho sinal no local onde Ele há de reinar é mais que um mero aviso. Ele fala por si só a todas as nações, povos e raças da humanidade nesses dias difíceis dos últimos tempos.

É pertinente aqui o conselho que deu Yeshua aos discípulos ao falar sobre os sinais de seu retorno. “Ele lhes contou esta parábola: ‘Observem a figueira e todas as árvores. Quando elas brotam, vocês mesmos percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo’” Lucas 21:29-31. É interessante e inspirador pensar que, à semelhança da figueira que deixa seus brotos à mostra quando se aproxima o verão, as plantas que brotam do muro com as letras do nome de Deus também apontam para a proximidade da volta do Messias de Israel.

Em sua primeira entrada triunfal em Jerusalém, Yeshua disse que, se os homens se calassem no louvor de boas vindas ao Messias, as pedras clamariam. Contemplar essas plantas brotando no meio das pedras do muro, próximo ao Monte do Templo, me faz lembrar de suas palavras.

Ao escreverem silenciosamente o nome mais sagrado do Altíssimo na muralha, as pedras de Jerusalém parecem estar clamando em alta voz para anunciar que o Rei está voltando. Em breve, Ele aparecerá “nas nuvens e todo olho o verá” (Apocalipse 1:7), e será recebido novamente em sua cidade, em uma entrada mais triunfal que a primeira, com a mesma saudação que recebeu naquela ocasião:

Hosha-na l’Ben David! Baruch Habah b’Shem Adonai!

Hosana ao Filho de Davi! Bendito aquele que vem em Nome do Senhor!

(Mateus 21:9)


[1] A pronúncia do tetragrama sagrado é desconhecida. Possíveis transliterações apontam o nome como Yahveh ou Yeovah em diversas traduções, porém, não se pode dizer com precisão de quais fonemas é formado, uma vez que os sinais de vocalização do hebraico são bem posteriores à aparição do nome sagrado que, por sua vez, não era pronunciado. Ao se deparar com o tetragrama na Bíblia hebraica, lê-se Adonai ou HaShem (O Nome). Nas traduções em português, em geral, esse nome é traduzido por Senhor em letras maiúsculas.

[2] Esse assunto de cunho escatológico está inserido nas Festas do Senhor que ocorrem no outono e é parte do conteúdo do volume 2 da Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo, ainda não publicado.

Fonte: Vines growing on retaining Wall of Temple Mount spell out God’s name (Yehovah) (israel365news.com)

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Vídeo em inglês que mostra a inscrição do nome de Deus no muro de Jerusalém: